sexta-feira, setembro 07, 2007
Once Upon a Time... In Portugal
Aprender a deixar as pessoas partirem...
Acho que esta é das lições mais complicadas que a vida tem... Como sobreviver à ausência e ao vazio deixado por alguém?
Recordando-a? Guardando-a dentro de nós, nas ruas que passamos juntos, nos cafés que paramos para estar em silêncio, nos sorrisos e gargalhadas que explodiam como fogo de artificio?
Era uma vez um rapaz com cara de miúdo, com os olhos azuis como o céu e com o cabelo sujo de brincar na areia.
Era um rapaz do mundo e toda a gente gostava dele (até os porteiros da discoteca). Havia algo nele especial, quase mágico: era as palavras que utilizava. Ele dizia coisas fantásticas que tornavam as nuvens negras e carregadas em campos de trigo amarelo e, por isso, ele nunca chorava, nem nas despedidas...
A sua barriga era farta de coisas boas e cada alimento que comia, tal como cada pessoa que conhecia, era especial: o sabor forte e picando do chouriço, o travo adocicado nas natas na massa de atum, a leveza com que enfrentava o copo da super bock.
As malas estavam quase prontas para a despedida: estavam tão cheias e carregadas com palavras, com músicas, com livros, com cartas (daquelas que nunca se perdem) que as lágrimas não tinham espaço ou peso para enrolarem na areia como o mar.
No final só se ouviam os gritos dos bêbedos no puzzle escuro da noite e o “Até amanha, quando acordares vai ter lá a casa...”
Fura Bolos
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2 comentários:
...nao tenho nada a acrescentar...nao gosto de despedidas, por isso prefiro um ate breve!
Concordo contigo em cada palavra...Mas sim seria extremamente egoísta não partilharmos com o mundo os nossos tesouros..Acho que é este o caso, partilhar um tesouro, que por isso passará a ser ainda mais nosso..
Anelar
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