quinta-feira, junho 28, 2007

Aqui vendem-se laços

Ando à procura de amigos. O que é que cativar quer dizer?

…Quer dizer que se está ligado a alguém, que se criaram laços com alguém.

-Laços? – Perguntou o principezinho.

-Sim, laços – Disse a raposa – Eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo e eu serei para ti, única no mundo.
Só conhecemos as coisas que cativamos. Os homens agora já não têm tempo para conhecer nada. Compram as coisas feitas nos vendedores. Mas como não há vendedores de amigos, os homens já não têm amigos. Se queres um amigo, cativa-me!

In O Principezinho

Para quê dizer mais?

Anelar

terça-feira, junho 26, 2007

Sounds of Silence


Entre o escrever e o branco…
Entre lua e o cigarro…
Entre ti e mim…

Há um interlúdio quase de saudade…súbita.

Fura_Bolos
("We break mirrors on Fridays as soon as we wake up to try to have some fun for the weekend. We never do. We wander from screen to screen. Staring at screen savers, watching commercials. Waiting for you. Waiting for some sigh.")

sexta-feira, junho 08, 2007

Um dia (a)normal...

Hoje as malas pesavam pela Sá da Bandeira a baixo sempre 30min antes do autocarro para casa. Levanto a cabeça das pedras da calçada (desgastadas pelos saltos) e vejo uma cena que me libertou um sorriso, como um arrepio cor-de-rosa pelo corpo.

Eram 30segundos de dois namorados a discutir.

Gesticulavam habilmente no primeiro compasso da sua discussão de uma relação envernizada de fresco de um primeiro amor.
O relógio deu os 30segundos iniciais e a rapariga desiste e…
silêncio.
Olha para o rapaz, ainda a meio metro de distância a olhar para o chão e fixa o seu olhar nele. Ela olhava tristemente como quem pede alguma coisa em troca de ternura. O seu corpo era desengonçado mas os cabelos pediam a festa de uma mão que se perde nos seus caracóis presos e pretos.
Continua a olhar seriamente para o rapaz com borbulhas na face e este devolve-lhe, finalmente, o olhar penetrante, convencido pelos caracóis.
Ela aproxima-se e corajosamente...
beija-o com todos e sem nenhum medo.

Deram o seu passo para o conforto, para o alívio.

Continuei a andar e a olhar para trás embuida nesta cena de filme dos anos 50 com o James Dean e o beijo continuava sem prognósticos do seu final.
Ele tinha-a abraçado para se sentirem mais e colocava a mão, já segura, na sua face.

Continuei a andar só e despedi-me mentalmente daquele casal, que agora estavam sós e que nem o fumo dos autocarros, as buzinas dos carros ou, até mesmo, os olhares e os sussurros das velhas na paragem, ouviam ou sentiam.

Continuei a andar e lembrei-me de ti. E se tivesses agora comigo? Será que repararias na cena do filme? Será que preenchias a tua espinha dorsal com um sorriso não possível de ser contido, como eu? Eu acho que não… Acho que continuavas a andar e quando eu te falasse, dirias uma piada seca e intelectual. Eu responderia “Não sejas parvo!” como se cantasse o “Não venhas tarde!” e não nos teríamos encontrado naquele espaço intermédio do sorriso.

Fura_bOlos