Coração Polar
Não sei bem de que cor são os navios
quando naufragam no meio dos teus braços
sei que há um corpo nunca encontrado algures no mar
e que esse corpo vivo é o teu corpo imaterial
a tua promessa nos mastros de todos os veleiros
a ilha perfumada das tuas pernas
o teu ventre de conchas e corais
a gruta onde me esperas
com teus lábios de espuma e de salsugem
os teus náufragos
e a grande equação do vento e da viagem
onde o acaso floresce com seus espelhos
seus indícios de rosa e descoberta.
Não sei de cor essa linha
onde se cruza a lua e a mastreação
mas sei que em cada rua há uma esquina
uma abertura entre a rotina e a maravilha
há uma hora de fogo para o azul
a hora em que te encontro e não te encontro
há um ângulo ao contrário
uma geometria mágica onde tudo pode ser possível
há um mar imaginário aberto em cada página
não me venham dizer que nunca mais
as rotas nascem do desejo
e eu quero o cruzeiro do sul das tuas mãos
quero o teu nome escrito nas marés
nesta cidade onde no sítio mais absurdo
num sentido proibido ou num semáforo
todos os poentes me dizem quem tu és.
Manuel Alegre
Porque te encontro em todos os suspiros e pensamentos que preconizam a nossa existência durante o hoje e o amanhã...
Anelar
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2 comentários:
É raro deixar o rasto da minha passagem nestes meandros, mas eu quero que este mar espumoso seja cortado pela proa do meu navio, e que as ondas provocadas pela minha tempestade partam nessa praia paradisíaca que és tu, onde, juntos ao sol e à chuva o dia de hoje e de amanhã se fundem!
Um suspiro lançado de longe, mas completamente audível no nosso sítio especial.
Esse poema também me ajudou muito...
(...something like that)
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