A mesa de cabeceira continuava mesmo ao lado da cama, com a garrafa de água em cima dela, só. Inerte. Vazia.
Deitada, os meus olhos desejavam chorar mas secos estavam como a garrafa de água ao meu lado: sós. Inertes. Vazios e...Secos.
Decidi, dada a garrafa sem água, não pensar em ti.
Decidi defender-me de ti e desse teu puzzle incompleto, como um soldado na frente de batalha desarmado e ferido.
Ás vezes penso mesmo que estou sentada num banco de madeira sem uma perna e que me equilibro nele para não cair, da mesma forma que equilibro as tuas peças do puzzle para não pensar em ti.
Outras vezes, encosto o banco de madeira velha sem perna à parede e deixo-me estar muito quieta, deixo-me estar simples e...sem metamorfose.
Nesses dias, dias de parede branca,... escrevo e: solto as peças de ti no chão como uma criança que as deixa cair só porque está distraída.
quinta-feira, novembro 27, 2008
sexta-feira, novembro 14, 2008
domingo, novembro 02, 2008
O Eterno Retorno
Tentei içar vales e montanhas..Anoitecer a mágoa com mantos reluzentes de pérolas famintas de sangue..Enterneci o tempo, e pedi-lhe que não transbordasse mais através dos meus poros..
Acordei. Ouvi o som estridente da campanhia..Os meus passos anteviam o rosto com que o tempo me brindaria, quando trespassasse a soleira da porta..Esbocei um sorriso..Tinha voltado..O gesto firmado naquele olhar, antevia que nada tinha mudado em si…”Ele voltou”, não me cansava eu de repetir mentalmente…Sentou-se junto de mim, e contou-me as façanhas dos longos anos em que, por vicissitudes da vida, se havia ausentado, sem deixar rasto, um trilho qualquer de pistas que vislumbrassem a sua existência.
Com pesar, falou-me de desgostos de amor, de glórias lupanares, que fatalmente se deixaram arrastar pelo efémero. Conheceu gente, passou pelos quatros cantos do mundo, construiu o seu próprio império de sonhos como se se tratasse de um castelo de cartas…Belo, mas frágil. Caminhou pelo deserto, escalou montanhas e percorreu as tundras enregeladas pelo prazer. Foi pirata, saqueador dos sonhos com que construía o seu mundo fantástico..E não, não se importava se os sonhos eram pertences íntimos de outrem, não lhe interessava que podia quebrar existências, quando roubava, com desdém, as quimeras daqueles que para elas viviam.
Com pesar, falou-me de desgostos de amor, de glórias lupanares, que fatalmente se deixaram arrastar pelo efémero. Conheceu gente, passou pelos quatros cantos do mundo, construiu o seu próprio império de sonhos como se se tratasse de um castelo de cartas…Belo, mas frágil. Caminhou pelo deserto, escalou montanhas e percorreu as tundras enregeladas pelo prazer. Foi pirata, saqueador dos sonhos com que construía o seu mundo fantástico..E não, não se importava se os sonhos eram pertences íntimos de outrem, não lhe interessava que podia quebrar existências, quando roubava, com desdém, as quimeras daqueles que para elas viviam.
Continuei sentada junto ao parapeito da janela, de onde podia ver o jardim recoberto de túlipas, cujas cores contrastavam com qualquer espécie de sentir, que se me atravessava no momento. Ele continuou com a sua verborreia, como se quisesse depositar em mim todos os sonhos que já tinham deixado de o ser.Levantei-me, e olhei de soslaio para massa disforme de devaneios que ele tinha para me oferecer..Foi a minha vez de sair.
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