domingo, março 12, 2006

“Eu amo o mundo que odeio”

Sim… é ele, o mundo, que me arquitecta à sua própria semelhança … e por mais que a negue… não há escapatória possível… Eu sou do mundo mas o mundo não é só meu… não estou ilibar-me das culpas que tenho… Mas que culpa tenho eu, de ser assim como sou?! Digam-me!!! Possuo uma herança que não escolhi e um corpo, um mundo à qual pertenço, e na verdade me identifico. Será isso que me corrói?! Porquê me identifico com tantas coisas que me repugnam?! Contudo, na sua plenitude lhe confisco o que de melhor ele tem… e procuro me manter nela. Mais… tento preserva-la dentro de mim.
“EU AMO O MUNDO QUE ODEIO”… Esta frase, retirada do poema As Cinzas de Gramsci (1957) escrita pelo poeta e cineasta italiano Pier Paolo Pasolini (a titulo de curiosidade - nasceu em Bolonha, um nome muito aclamado actualmente pelos estudantes universitários europeus. Talvez, a obra deste grande senhor seja uma boa inspiração para as lutas que se avizinham). Escolhi esta frase pela sua simplicidade de conter em poucas palavras, o solto do grito gritante que me vai intrínseco à alma… Acompanhando-me como uma sombra, que me convence cada vez mais da sua totalidade exímia. Ela remete-nos para muitos pensamentos longínquos…que nos levam ao tudo e ao nada. E façam um favor a vós próprios, deixai esses pensamentos intrusos, por vezes, fluir. Até vou partilhar convosco alguns… os que mais deambulam pelas veias pensantes… Comecemos pelos os dois únicos verbos da frase: Amo vs odeio. Como se ouve por aí, o amor e o ódio são tão próximos que se entrelaçam de uma forma tão penetrante, que nos leva a desconhecer a sua própria fronteira. O mundo é feito, queiramos ou não, de um ar antagónico que se respira a todos os milésimos de segundo… Vejamos as incertezas que percorremos para chegar as metas que conseguimos… Já alguém dizia “o que me lixa é a puta da dialéctica”. É a dor de pensar, de escolher, de ser… É uma luta inconstante entre o mundo e eu … porque é ele que me dá e tira o controlo que tanto venero… É ele que me encaixilha o sorriso e a lágrima na minha alma… É ele que me os carimba na minha cara.
Por ser ele o que me veste e despe todos os dias, também, é ele que amo e odeio todos os meus singulares dias…E porque a sua complexidade é singela, é única… Eterna de surpresas… Eu o amo mais do que o odeio…
Fica sempre muita coisa por se dizer… vamos dizendo… desde que o sistema cognitivo e fonológico nos deixe… Se não, só nos resta os pensamentos flutuantes que nos perseguem…

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7 comentários:

Mãozinhas disse...

São estas paradoxalidades que nos vao mantendo em compassos de espera, em que tentamos por vezes em vao decifrar aquilo que odeamos e o que amamos...mas eu sou da opinião que se odeamos algo, é porque é importante para nós, senão seria simplesmente indeferente...e como tal se odeamos é porque tentamos resolver um conflito que faça com que em vez de odearmos, amemos aquilo que nos incomoda...ou seja sabe bem pensar que o próprio ódio pende sempre para o amor...Percebo muito bem esse mal estar que nos provoca a falta de controlo, mas garanto que sabe tão quando nos deixamos descontrolar, conhecemos coisas em nós que dificilmente o consegueriamos de outro modo...Força porque assim como tu és do mundo, ele também é teu, só que não é só teu..E acredita que parecendo que não todos mudamos e contribuimos para que a identidade do mundo vá sendo cada melhor...

Anelar

Mãozinhas disse...

Gostei muito deste teu post sue...

Sabes? Eu acho que na verdade não existe um mundo, mas vários mundos que se cruzam ou que vivem num universo paralelo ao nosso e que nunca chegamos a conhecer... Ja pensas-te a quantidade de linhas que se cruzam com o teu mundo? agora imagina a quatidades de linhas que são paralelas e que por muito que as estendas ao infinito, nunca vão tropeçar no teu caminho...
Não tens k controlar o teu mundo, "a vida é como uma corda bamba de tristezas e alegrias..", de odios de de paixões, de lagrimas e de sorrisos.... Vai saltando na corda até dançares..Vai sentindo o som da musica e, quando chegar ao refrão, fecha os olhos e deixa-te voar....

Obrigada por tropeçares no meu caminho!

PS: há parte de sentimentalismos, quando vens para coimbra?

Fura_Bolos

Walter disse...

Seria geometria pura falar de rectas paralelas e de intersecções! Eu prefiro falar dos pontos de intersecçao da minha vida e tu, sem duvida alguma, és um deles!
E os outros pontos sabem igualmente que o sao!
bjs
walter

Anónimo disse...

..só amava o mundo que odiava porquê? porque "o mundo" passa por ser (quer queiramos quer não)uma entidade passível de ser configurada no seu geral e à partida mais impessoal? estava aqui a pensar.. e se as pessoas que ele mais amou tiverem sido aquelas que mais o odiavam? ou...se aquelas que ele mais odiava tiverem sido aquelas que lhe faziam crer que o amavam verdadeiramente? pois...também acontece (tenho pa mim que quase a todos)...mas às vezes pergunto-me se de facto viveríamos o amor se, ao longo dos tempos, a humanidade não tivesse experienciado o ódio..

Anónimo disse...

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Anónimo disse...

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Anónimo disse...

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