Duas histórias assíncronas que se cruzam na luz ténue de fim
de dia.
Ela ajeita nervosamente a cabelo. Sabe de antemão o peso que as cores de outono
têm sobre si e não quer causar má impressão. Conhece também de sobejo o que
espera encontrar naquela estação: um verão vermelho em forma de romã.
Ele passa disperso na roda-viva do dia. Acha que tudo se compõe quando o frio
congelar a razão. Dança sozinho ao recordar-se dos tempos felizes que hão de
vir. No olhar cabe a imensidão do horizonte e no gesto leva uma ternura que se
revela na perfeição com que pousa a mochila na casa onde quer ficar.
Descobrem-se na livraria que cruza a esquina. Naquela onde os livros são vidas,
e as vidas não passam de histórias por contar. Ao longe, palavras novas
cruzam-se em continentes frios. Golfadas de vento aproximam-nos num espaço etéreo.
Tocam-se na frieza incólume de um icebergue e com uma destreza extemporânea
sabem que querem ficar ali.
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