Ao longe, o cantar de um grilo ritmava os movimentos do peregrino contra um corpo nu.
Gri, gri, gri, grigrigri...
O som dos dois corpos, um contra o outro e contra o chão, crescia num tom cada vez mais nítido e intenso até se escutar tão perto como se viesse de dentro.
- Isso magoa - diz a mulher.
- Vais ver que passa rápido - responde o peregrino, sem perder o compasso.
O grilo emudece num GRI(to) de prazer e o peregrino, suado, aperta as calças, levantando-se.
As pernas tísicas da mulher tremiam soltas na pedra como um esqueleto separado em articulações:
Santa Luzia Milagrosa, é a sua filha!
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1 comentário:
É a Blimunda, do Memorial do Convento( Gostei muito do texto! Todos(ou quase) temos um grilinho a despertar-nos para a realidade...)
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