O olhar era tímido e meigo e silencioso. Raramente falava e quando o fazia era a medo, como se fosse um estrangeiro num país duma língua que conhecia mal. Limitava-se a sorrir em tom de resposta a todos. Era um rapaz que ocupava pouco espaço no mundo.
Tinha, no entanto, o cabelo desalinhado. Eram uns caracóis rebeldes que lhe sentenciavam uma irreverência escondida. Sentava-se mais vezes do que estava de pé e fazia cócegas no seu cabelo quando se sentia observado. Depois sorria, outra vez.
Foi sentado e com as mãos suadas que ofereceu um poema como quem paga o café da mesa e vai embora sem que os acompanhantes percebam o acto gentil. O poema dizia: “entre mim e ti há um interludio de saudade”.
Eles mal se conheciam.
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1 comentário:
Muito lindo! Adorei!:)
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