Despertou vulcões e empenhou os seus bem mais preciosos quando jurou vencer todas as tempestades. Aves de rapina cruzavam os céus involucrado em nuvens e os seus pés, já calvos, teimavam em caminhar.
A boca estalava de sede e o coração latejava como se fosse o seu último suspiro. Abissais colinas despenhavam-se num oásis azul, fruto de sonhos invertidos em miragens.
Era uma caminhada lenta e dura, e, embora houvesse um destino, não havia o trajecto. Poucos eram os apeadeiros onde podia repousar e restabelecer, ainda que levemente, o seu espírito obstinado.
O desassossego instalava-se na medida de uma rebelião. Seguia a paisagem com a vivacidade de olhar que lhe era característica, mas a espera de encontrar o que procurava tornava todas as cores mais pálidas.
Sobre si caía o signo do querer, insaciável e impedioso. E seria com ele, despojada de qualquer bem supérfluo, que havia de cair nas graças do inusitado tempo, que tardava em chegar. O seu tempo.
quinta-feira, julho 21, 2011
quarta-feira, julho 06, 2011
Nuances tragico-cómicas desta vida
Sentia uma dormência que já lhe era familiar. Conhecia aquele nó na barriga, que se formava como prelúdio de uma sessão de choro convulsivo, à prova de qualquer pensamento positivo, que ficava imediatamente proibido de entrar.
Já devia domar aqueles impetuosos sentimentos que a moviam. Sim, eram as paixões a sua força motriz. Não se negava a ceder ou fazer qualquer coisa em nome desse sentimento, que já, por muitas vezes, havia revelado que se esfumava rapidamente. Como plano B, ficava à espera que o amor chegasse. No fundo, no fundo eram racionalizações, daquele tipo que se ouvem muito “a paixão não dura para sempre, mas o amor sim” ou “o amor é um sentimento mais maduro, fruto da evolução da relação” ou ainda “esta é uma má fase que vai passar”.
Quando efectivamente os dias passavam e ela os começava a contar, como se tivesse encerrada numa prisão, aí sim, percebia que algo estava mal, muito mal. Nessas alturas, ficava apavorada e negava a si mesma que ia perder este laço, mas uma ubiquidade de sentimentos, lá começava, de forma muito tímida, a fazer o luto daquilo que tinha sido uma esplendorosa expectativa de uma relação bem sucedida.
Já não conseguia manejar os sintomas físicos, perfeitamente visíveis e a prova concreta de que havia um problema. Náuseas, problemas respiratórios, dores no peito apetrechavam o festim com a que a ansiedade a presenteava.
Para além de tudo isto, a sua neurose, que se insuflava quase até explodir, dava lugar a um certo “chicotear mental” secundário. Ora bem, quando já estava perfeitamente triste e desiludida, mimoseava-se com pensamentos como “Que estupidez dar tanta a importância a isto. Sou uma gaja perfeitamente estúpida e ridícula com estas lamechices, quando podia aproveitar para começar já a fazer o scouting do mercado masculino.” Não é necessário dizer que isto não a ajudava, e era produto daqueles óculos escuros e pequeninos que havia colocado. Em tempos quis ser tão grandiosa como a Janis Joplin, mas esqueceu-se que isso tinha consequências, e, sobretudo, que não podem existir duas Janis Joplin.
Acabava esta telenovela sempre com aquele pensamento/frase cliché “o amor não é p´ra mim”.
Na verdade, ela só queria mesmo passar a vida numa cabana, à beira mar, a beber mojitos. Mas isto dos amores e desamores trocava-lhe as voltas, e acabava sempre numa tasca abafada, a beber aguardente.
Moral da história?
Não há.
Já devia domar aqueles impetuosos sentimentos que a moviam. Sim, eram as paixões a sua força motriz. Não se negava a ceder ou fazer qualquer coisa em nome desse sentimento, que já, por muitas vezes, havia revelado que se esfumava rapidamente. Como plano B, ficava à espera que o amor chegasse. No fundo, no fundo eram racionalizações, daquele tipo que se ouvem muito “a paixão não dura para sempre, mas o amor sim” ou “o amor é um sentimento mais maduro, fruto da evolução da relação” ou ainda “esta é uma má fase que vai passar”.
Quando efectivamente os dias passavam e ela os começava a contar, como se tivesse encerrada numa prisão, aí sim, percebia que algo estava mal, muito mal. Nessas alturas, ficava apavorada e negava a si mesma que ia perder este laço, mas uma ubiquidade de sentimentos, lá começava, de forma muito tímida, a fazer o luto daquilo que tinha sido uma esplendorosa expectativa de uma relação bem sucedida.
Já não conseguia manejar os sintomas físicos, perfeitamente visíveis e a prova concreta de que havia um problema. Náuseas, problemas respiratórios, dores no peito apetrechavam o festim com a que a ansiedade a presenteava.
Para além de tudo isto, a sua neurose, que se insuflava quase até explodir, dava lugar a um certo “chicotear mental” secundário. Ora bem, quando já estava perfeitamente triste e desiludida, mimoseava-se com pensamentos como “Que estupidez dar tanta a importância a isto. Sou uma gaja perfeitamente estúpida e ridícula com estas lamechices, quando podia aproveitar para começar já a fazer o scouting do mercado masculino.” Não é necessário dizer que isto não a ajudava, e era produto daqueles óculos escuros e pequeninos que havia colocado. Em tempos quis ser tão grandiosa como a Janis Joplin, mas esqueceu-se que isso tinha consequências, e, sobretudo, que não podem existir duas Janis Joplin.
Acabava esta telenovela sempre com aquele pensamento/frase cliché “o amor não é p´ra mim”.
Na verdade, ela só queria mesmo passar a vida numa cabana, à beira mar, a beber mojitos. Mas isto dos amores e desamores trocava-lhe as voltas, e acabava sempre numa tasca abafada, a beber aguardente.
Moral da história?
Não há.
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