quarta-feira, outubro 18, 2006

quarta-feira, outubro 11, 2006

10 de Outubro-Dia da Saúde Mental

Reconhecimento à Loucucura

Já alguém sentiu a loucura
vestir de repente o nosso corpo?
Já.
E tomar a forma dos objectos?
Sim.
E acender relâmpagos no pensamento?
Também.
E às vezes parecer ser o fim?
Exactamente.
Como o cavalo do soneto de Ângelo de Lima?
Tal e qual.
E depois mostrar-nos o que há-de vir
muito melhor do que está?
E dar-nos a cheirar uma cor
que nos faz seguir viagem
sem paragem
nem resignação?
E sentirmo-nos empurrados pelos rins
na aula de descer abismo
se fazer dos abismos descidas de recreio
e covas de encher novidade?
E de uns fazer gigantese de outros alienados?
E fazer frente ao impossível
atrevidamente
e ganhar-Ihe, e ganhar-Ihe
a ponto do impossível ficar possível?
E quando tudo parece perfeito
poder-se ir ainda mais além?
E isto de desencantar vida
saos que julgam que a vida é só uma?
E isto de haver sempre ainda mais uma maneira pra tudo?
Tu Só, loucura, és capaz de transformar
o mundo tantas vezes quantas sejam as necessárias para olhos individuaisS
ó tu és capaz de fazer que tenham razão
tantas razões que hão-de viver juntas.
Tudo, excepto tu, é rotina peganhenta.
Só tu tens asas para dar
a quem tas vier buscar

José de Almada Negreiros

Porque hoje é um dia com nome, que tenta justificar todos os outros que ficam anónimos, e atolados na sua própria insanidade...Porque hoje se nomeiam evoluções terapêuticas e farmacológicas, para olvidar o abandono que prova o incómodo que nos provoca nos outros dias...Porque hoje, e só hoje, se acarinha o doente mental, quando no tempo restante(salvo raras almas latejantes de compaixão, ternura e entendimento, que não passa necessariamente pela leitura de manuais..) se segrega,ignora e menospreza...Porque hoje se murmura a medo, aquilo que devia ser gritado loucamente, insanamente, obcessivamente, agora, já, no segundo que passa...Porque hoje, e só hoje, se arruma o estigma na prateleira, onde se esconde o medo, e constroi uma ponte improvisada até ao doente mental, quase sempre para aliviar o próprio ego(ou talvez o id??já não sei..) das censuras ruminante.....Porque só hoje, escondemos o espelho das nossas fraquezas e condições humanas que este doentes representam, sem que com isto não consigam também espelhar algo humanamente maravilhoso, e que o "socialmente (in)correcto" tenta sabotar..

Anelar

terça-feira, outubro 10, 2006

Ano Lectivo Novo, Ensino Novo

Coimbra está em festa, a rua preenche-se de pessoas que passam e olham ou passam simplesmente distraídas, ou passam de capas negras ou com t-shirts estandardizadas… Nesta altura do ano Coimbra parece, de facto, um cidade nova, rejuvenescida por aqueles que chegam assustados e por aqueles que voltam com um novo espírito.
Pois é, mas parece-me que nem só nas ruas da Cidade estão diferentes, mas também a estruturação de alguns cursos da mesma, nomeadamente psicologia; estou, está claro, a falar do já tão famoso, já tão debatido e saturado: TRATADO DE BOLONHA!
Não espero com este post debater as vantagens ou desvantagens do mítico tratado mas, apenas, deixar aqui algumas das minhas reflexões nos últimos tempos acerca da temática.
Estes dias estava eu em casa a ouvir uma magna estudantil (vamos chamar-lhe assim) na rádio, quando dei por mim a rir alarvemente com algo tão sério como o “futuro académico do Ensino Superior em Coimbra” (lol). Sim! Porque, dado que o nosso destino ainda não está suficientemente esclarecido e delineado, há que o discutir “circensentemente” até à nossa exaustão vocal, visual e auditiva.
Na minha opinião, Bolonha não está a “bater à porta” para entrar, mas já entrou. Agora só temos uma via: recebe-la da maneira que melhor nos convém. Assim, em vez de se perder tempo com a sua chegada ou não, devemos LUTAR (este é um termo muito acarinhado nestas bandas) para que a sua implementação seja feita tendo em vista, apenas e só, o aluno e as suas condições melhores de aprendizagem.
Curioso isto porque pergunto-me, sinceramente, se em psicologia fizemos a melhor entrada em Bolonha, ou se não foi uma entrada demasiado “apressada”.
Numa faculdade em que a biblioteca fecha às 17h e as salas não chegam nem para ¼ das pessoas que deveriam estar na aula, parece-me, no mínimo, estranho… Mas não! Quanto a isso nada se pode fazer, a não ser obrigar alunos a escolher uma área que detestam só porque “há doutorados nessa área que não têm estagiários há anos” ou pior, mudar e remendar e voltar a REcolocar os alunos nas áreas de especialidade, isto é, quando estes pensavam ter entrado em clínica descobrem que, afinal, ficaram em educação; ou (a cereja em cima do bolo) ir todos os dias à secretaria duma faculdade e ouvir sempre um mísero “não sei” acerca de qualquer dúvida a respeito da temática.
Mas, não se preocupem, porque o nosso curso agora passou a ser de “primeira linha” e o melhor do país; pena é que média de entrada continue a descer e já esteja em 15.7; pena é que os exames nesta faculdade se repitam de ano para ano e de época para época e que as pessoas consigam copiar displicentemente, não sendo, por isso, os alunos SEQUER avaliados por aquilo que sabem (ou não sabem, não é?). E isto vai realmente mudar?
Enfim… este foi apenas um post em tom de desabafo porque, a partir de agora, com 8h diárias obrigatórias de trabalho acabaram os teatros, os consertos, os romances, o lanchezinho na cavaqueira e…os posts…
Fura_Bolos (vai doer)